O universo de The Witcher voltou ao centro dos debates graças a uma revelação inesperada de Andrzej Sapkowski. O escritor polonês afirmou em um recente AMA no Reddit que um dos elementos mais marcantes da saga nos videogames — as famosas “escolas dos bruxos” — nasceu, na verdade, de um deslize narrativo cometido no seu primeiro livro.
O detalhe esquecido se transformou em alicerce criativo para a CD Projekt Red, alimentou o imaginário da série na Netflix e agora influencia até o futuro The Witcher 4.
A origem de um detalhe “acidental”
Segundo Sapkowski, a menção à chamada “escola do Lobo” em O Último Desejo nunca deveria existir. Ele a descreve como uma frase jogada, sem função estrutural, que logo percebeu não se encaixar em sua visão do mundo de Geralt de Rívia. Por isso, abandonou a ideia nos livros seguintes, considerando-a até prejudicial para a trama.
Nos games, porém, o conceito foi abraçado com entusiasmo. A CD Projekt Red expandiu o fragmento narrativo em um sistema complexo, criando várias escolas — do Gato, do Urso, da Víbora — que ganharam peso simbólico e visual com os icônicos medalhões pendurados no pescoço dos bruxos.
Entre corrigir e aceitar

Diante da popularidade da ideia, Sapkowski vive um dilema. Ele admite considerar duas saídas: reescrever as próximas edições de O Último Desejo excluindo a referência ou, ao contrário, desenvolver melhor o conceito nas obras futuras, explicando origens e significados dos medalhões.
Essa possibilidade chama atenção porque tudo indica que The Witcher 4 terá como protagonista a recém-sugerida escola da Lince, cujo símbolo apareceu no teaser oficial do jogo.
A visão rígida de Sapkowski
A sinceridade do autor escancara sua relação complicada com adaptações. Para ele, todo processo de tradução de sua obra para outros formatos — seja em games ou em séries — inevitavelmente perde a essência literária original. Sapkowski considera cada adaptação uma obra derivada, legítima em termos artísticos, mas incapaz de alcançar a potência da palavra escrita.
O problema é que foram justamente essas “interpretações imperfeitas” que abriram The Witcher para o mundo. Milhões conheceram Geralt primeiro pelo joystick ou pela Netflix antes de chegar à literatura.
O futuro em disputa
O caso das escolas exemplifica como uma criação pode escapar do controle do próprio autor. O que nasceu como “erro” tornou-se mitologia central para uma geração de fãs e, agora, prepara o terreno para a próxima fase da franquia nos videogames.
Com The Witcher 4 no horizonte, resta a Sapkowski escolher entre duas posturas: resistir em nome da pureza de sua visão original ou aceitar que sua obra já pertence a muito mais pessoas do que imaginava. Seja qual for o caminho, o impacto no futuro do universo é inevitável — e, neste ponto, nem Geralt de Rívia teria como escapar do destino.