CARREGANDO NOVA ETAPA!

Stop Killing Games: conheça o movimento que quer preservar games que ficam offline

A explosão de mídia que o movimento Stop Killing Games reacendeu uma discussão que incomoda muitos jogadores. E a Ubisoft contribuiu com isso, reafirmando que os consumidores não detém a propriedade sobre os jogos e pedindo para os jogadores destruírem suas cópias quando o suporte se encerrar.

Já exploramos um pouco sobre a polêmica quando explicamos como jogos passaram de produtos a serviços. E, ainda que haja um ponto em que as empresas têm razão de que preservar jogos online seja caro, um proeminente político europeu declarou apoio ao movimento.

Polêmica Antiga

Créditos: Walpapperflare.

Apesar de o movimento ser recente, a polêmica é antiga. E começa com a questão de emuladores e o conceito de Abandonware. Quando uma empresa detém ainda os direitos de um software, mas não há crime em distribui-lo porque o suporte encerrado significa que ela não está interessada nos lucros advindos desse software.

E jogos são softwares.

No caso, as polêmicas mais conhecidas, provavelmente, referem-se aos títulos da Nintendo, especialmente a franquia Pokémon, e os consoles fora do mercado. Não só, parte do motivo de os emuladores existirem é esse.

E um dos motivos para os remakes e os remasters que a Nintendo lança é poder ter uma posição legal para poder brigar contra os emuladores.

Créditos: Walpapperflare.

Porém, na mesma linha é possível citar Freelancer. O título foi lançado em 2003 e o suporte pela Microsoft foi encerrado, fazendo dele um abandonware.

Atualmente, o jogo ainda é jogado e há um mod que o expande significativamente. Inclusive, ele recebeu atualizações neste ano. Ou seja, 22 anos depois do lançamento, o jogo é mantido por uma comunidade dedicada.

E, ainda que jogos MMO não possam necessariamente ter o mesmo tratamento, trata-se de permitir que os jogadores possam fazer algo. E não perseguir nas cortes os jogadores que tentam manter vivos os jogos favoritos.

Créditos: Steam.

Inclusive, para quem se lembra de GrandChase, da antiga LevelUp Games, hoje ele está disponível pela Steam.

O resumo, contudo, é que, ainda que haja extremos, o que muitos jogadores desejam é tranquilidade para continuar jogando jogos para além do período do suporte das empresas. Isso exige, inicialmente, uma mudança de posicionamento delas e, talvez, um ajuste legal.

A viabilidade econômica de alguns projetos, inclusive, é demonstrável.

A Entrega de Valor

Créditos: Walpapperflare.

O YouTuber Giant Grant Games consegue mostrar como a entrega de valor é lucrativa. Porém, o grande problema para algumas empresas, é que não se trata de ser ou não lucrativo, mas de fazer um lucro astronômico. Ou, ao menos, é o que parece.

No caso do YouTuber em questão, ele sediou eventos de levantamento de doações para a comunidade modder de Starcraft II. Os eventos constituíam em jogar as missões da campanha com gatilhos que os jogadores podiam acionar por comandos do Twitch, desde que fizessem uma doação.

Os comandos podiam trazer desafios ou facilidades para o jogador. Claro que a comunidade abusou dos gatilhos de desafios para ver as habilidades do YouTuber.

Porém, o mais relevante que se destaca é que ele realmente consegue financiar mods. Alguns dos quais ele demonstra no canal conforme o desenvolvimento avança.

Inclusive, ele criou um gerenciador para facilitar a vida de quem deseja jogar os vários mods. E a necessidade de uma ferramenta para gerenciar mods ilustra a quantidade do financiamento que ele consegue.

O problema não parece ser que o modelo de negócio de entrega de valor não dá lucro. Mas que o lucro não é o valor astronômico que algumas empresas desejam.

Não se trata de negar a necessidade de um modelo econômico para as empresas. Trata-se de questionar por que elas estão deixando passar vários pequenos lucros e acumulando prejuízos.

Indústria Recente

Créditos: Walpapperflare.

A indústria de jogos está repleta de remakes e remasters. E isso é algo que poucos jogadores hão de discordar.

Para alguns, trata-se de uma oportunidade de ver jogos antigos (e nostálgicos) sendo apresentados a uma nova audiência e melhorados. Porém, ao mesmo tempo, reflete que a indústria parece estar passando por um sério problema de estagnação criativa.

O preocupante do grande número de remakes está em que eles vendem enquanto novos jogos, e novas IPs, saem no prejuízo. Evidente que há exceções, mas elas parecem estar minguando.

Créditos: Walpapperflare.

Na linha de discutir se jogos enquanto serviço são bons ou ruins, há casos e casos. Enquanto o jogo do Esquadrão Suicida não vingou, Helldivers 2 segue firme. Para ambos os jogos, o problema de como continuar a experiência quando o suporte será encerrado é uma preocupação dos jogadores.

Porém, não se pode dizer que todas as empresas desconsideram essa preocupação dos jogadores.

Créditos: Walpapperflare.

Considerando o ciclo final de atualizações, a Capcom lançou uma atualização para Monster Hunter World trazendo a possibilidade de enfrentar o dragão Safi’Jiiva em modo solo. Porém, ainda há questões sobre o acesso aos eventos quando o suporte for definitivamente encerrado.

No caso de Monster Hunter Rise, os eventos são missões sempre disponíveis, mesmo offline.

A explosão dos jogos enquanto serviço

Créditos: Walpapperflare.

Jogos enquanto serviço viraram uma gansa dos ovos de ouro da indústria. E todas as grandes empresas querem o seu jogo enquanto serviço não pelo valor que entregam aos jogadores, mas pelo dinheiro que fazem.

Porém, como já destacado, os resultados são mistos.

Para se ter uma ideia, as ações da EA desvalorizaram U$ 31 bilhões por causa das microtransações em Star Wars Battlefront 2. A polêmica sinalizou que o esforço das empresas de fazer dinheiro, sem entregar valor, gerou prejuízo.

Créditos: Walpapperflare.

E, ainda que haja um espaço para esses jogos, o grande problema é que muitos títulos desnecessariamente ficaram atrelados a esses mecanismos. Quem não se recorda das microtransações em Middle Earth: Shadow of War?

Porém, parece que elas não aprenderam a lição e as microtransações voltaram. Porém, o mais importante foi que outros modelos não foram tentados.

Onde a Discussão termina?

Créditos: Walpapperflare.

É evidente que não se pode encerrar a discussão afirmando que as empresas devem manter servidores ativos para todos os jogos que elas lançam. Em contrapartida, a solução não pode ser obrigar a compra de The Crew 2 quando a Ubisoft fecha os servidores de The Crew.

É preciso encontrar um meio termo, ainda que ele seja na possibilidade de o suporte pela comunidade ser legalmente aceito quando o suporte oficial se encerrar.

Inclusive, parte do problema está na percepção de que as empresas só agem por ganância. Ou seja, que elas encerram o suporte para obrigar a compra de um novo produto.

E nem sempre o novo produto é melhor.

Créditos: Walpapperflare.

A própria Blizzard enfrentou essa polêmica ao dizer que os mods feitos no motor de Warcraft III Reforged pertenciam à empresa. Mas o pior foi que um modder entregou parte das promessas da empresa para o remake com o Warcraft 3 Re-Reforged.

Ou seja, parte central da polêmica envolve promessas não cumpridas. E por mais que as empresas falem, com razão, da garantia dos direitos delas, pouco parecem fazer para garantir os direitos dos consumidores.

E a discussão só deverá terminar só quando os consumidores perceberem que os direitos deles também são protegidos.

Rolar para cima