Após o lançamento do Nintendo Switch 2, um dos pontos mais debatidos entre especialistas tem sido a implementação do HDR (High Dynamic Range), tecnologia que promete melhorar contraste e brilho das imagens. Mesmo que o suporte ao HDR tenha sido uma novidade bem-vinda na nova geração do console, os testes realizados até agora indicam problemas sérios nas configurações padrão, tanto no modo portátil quanto no modo dock.
No modo portátil, o Switch 2 utiliza um painel LCD com iluminação por bordas, o que já limita as capacidades do HDR.
Segundo as análises do HDTVTest, o pico de brilho atinge cerca de 450 nits, valor baixo para conteúdo em HDR10, que idealmente exige ao menos 1000 nits.
Além disso, o contraste do LCD fica aquém do que seria possível em telas OLED, o que afeta diretamente a profundidade e o realce das cores.
Modo dock depende da TV, mas também sofre com calibração falha
No modo dock, os problemas são outros. A qualidade da imagem HDR depende do display externo, mas os ajustes de calibração do HDR no console foram duramente criticados por Vincent Teoh, do canal HDTVTest, referência na análise de monitores e TVs.
De acordo com Teoh, a tela de calibração de HDR do Nintendo Switch 2 é confusa, pouco intuitiva e exige muitos passos para ajustes finos, o que a torna pouco prática.
O console exibe dois “sóis” na primeira etapa do menu de calibração. O usuário deve ajustar até que o sol da direita desapareça e o da esquerda continue visível.
Esse procedimento funciona corretamente somente em televisores com suporte a HGIG ou “tone mapping” baseado na fonte, como é o caso de algumas LG OLED lançadas após 2019.
Em TVs que não possuem esse suporte, o ajuste se torna impreciso e pode ultrapassar até 3000 nits, valor inalcançável pela maioria dos aparelhos domésticos.
Número excessivo de ajustes e falta de indicadores prejudicam usabilidade
Outro ponto criticado por Teoh é o excesso de passos entre os níveis de ajuste, sem qualquer indicação numérica, dificultando uma configuração eficiente.
Enquanto consoles como o PlayStation 5 e o Xbox Series X|S oferecem interfaces mais diretas, o Switch 2 permite ajustes mais granulares, o que pode até ser bom, mas sem dar um feedback claro ao usuário.
A configuração padrão de paper white,referência para o branco em conteúdo HDR, também está acima do ideal.
De acordo com ele, o console define um valor maior que os 203 nits recomendados pelo padrão ITU-R BT.2408, o que resulta em uma imagem mais lavada, com pouco contraste nas áreas médias e perda do brilho em destaques.
Ajustes ideais dependem da TV usada
Para quem tem um monitor ou TV compatível com HGIG, a recomendação é ativar o recurso e ajustar o HDR da seguinte forma:
- Na primeira tela de calibração do Switch 2, reduza até o valor mínimo e então suba gradualmente até o ponto em que o segundo sol desaparece;
- Na segunda tela, pressione Y para ajustar o paper white e suba o número de cliques conforme o valor de brilho máximo definido anteriormente. Por exemplo, com 1000 nits, são necessários 6 cliques para atingir os 200 nits recomendados.
Se o display não tem HGIG, o ideal é configurar o brilho máximo para 1000 nits e definir o paper white em 200 nits, o que, segundo Teoh, ajuda a evitar clipping e melhora o contraste, mesmo sem a calibração perfeita.
Outras configurações recomendadas
Além dos ajustes específicos de HDR, Teoh recomenda três alterações adicionais no console:
- Ativar o tema escuro para reduzir o efeito do limitador automático de brilho (ABL) em telas OLED;
- Ajustar a saída de HDR para “somente software compatível”, evitando que jogos SDR sejam forçados em HDR;
- Desativar a proteção contra burn-in, função redundante em TVs modernas, especialmente OLEDs com sistema de escurecimento automático.
Vale à pena conferir o vídeo completo caso você tenha um Nintendo Switch 2 e queira configurar bem o HDR na sua TV.
Fonte: HDTVTest.