A Krafton, criadora do fenômeno PUBG, congelou contratações e declara-se uma empresa AI-first, destaca a Bloomberg. Não é apenas marketing. A empresa investirá cerca de 70 milhões de dólares em um cluster de GPUs e realocará 20 milhões anuais para treinar seus funcionários em ferramentas de IA
A decisão gerou impacto imediato. No último trimestre, a Krafton registrou crescimento de 21% em receita, mas o lucro operacional subiu apenas 7,5%—sinalizando que o modelo tradicional já não sustenta expectativas. É o sinal de alerta que a indústria precisava ouvir.
Reengenharia radical
Aqui está o ponto crítico: Krafton não quer cortar gente pelo corte. O CEO Kim Chang-han foi explícito. A empresa automatizará tarefas rotineiras com IA “agentic” (autônomas) para liberar seus criadores—programadores, game designers, artistas—a fazer o que eles realmente dominam: pensar. Resolver problemas complexos. Criar narrativas.
O congelamento de contratações tem ressalva: continua recrutando para desenvolvimento de propriedade intelectual original e talentos em deep learning. A estratégia não é xenófoba com a contratação. É seletiva.
Na CES 2025, em Las Vegas, ela apresentou ao lado da NVIDIA personagens não-jogáveis (NPCs) inteligentes capazes de comportamentos dinâmicos e lógica própria. Pare e pense nisso: um NPC que aprende com suas ações, que se adapta, que reage como coisa viva.
Krafton articula um plano de 18 meses: até meados de 2026, a empresa quer uma infraestrutura integrada onde IA coordena tarefas interconectadas, gerencia agentes e padroniza dados.
Virada estrutural
O mercado de IA em games deve atingir 20 bilhões de dólares até 2027, segundo análises setoriais. Crescimento composto de 25% ao ano. A Krafton enxergou isso não como tendência, mas como requisito existencial.
A indústria enfrentava um sufoco há anos: custos crescentes, prazos esticados, criatividade comprimida por burocratia. IA autônoma quebra esse nó. E a Krafton foi primeiro a admitir isso em voz alta.
